quarta-feira

QUANDO EU MORRER_01_01

Para solicitar cópia de exibição pública contactar: ALFÂNDEGA FILMES Rua Nova da AlfÂndega 108 1º 4050-431 Porto +351 222088152 info@alfandega-filmes.com www.alfandega-filmes.com

terça-feira

EXIBIÇÃO EM FESTIVAIS

Março 2006
FANTASPORTO Festival Internacional de Cinema do Porto / Panorama

Abril 2006
CAMINHOS DO CINEMA PORTUGUÊS, Coimbra

Maio 2006
CORTA! Festival Internacional de Curtas Metragens do Porto

Setembro 2006
OVARVÍDEO Festival de Vídeo de Ovar

Outubro 2006
WHERE IS THE LOVE? International Short Film Festival, Bucharest, Roménia

Novembro 2006
Festival Internacional de Cortometrajes de Santiago do Chile

Novembro 2006
VíDEOCOR Festival de Vídeo de Corroios / Menção Honrosa

Abril 2007
AFIA Aarhus Festival of Independent Arts, Denmark

Maio 2007
CURTA-SE Festival Luso-Brasileiro de Curtas-Metragens de Sergipe, Brasil

Junho 2007
CINESUL Festival Ibero-Americano de Cinema, Rio de Janeiro, Brasil

Festival der Nationen, Ebensee, Austria

Canada´s Portuguese Film & Vídeo Festival, Vancouver

Agosto 2007
CINEFIESTA Puerto Rico International Short Film Festival

PLAFF Providence Latin American Film Festival, Rhode Island, USA

FOTOS DE RODAGEM






















quinta-feira

NOTAS DE PRODUÇÃO

QUANDO EU MORRER foi rodado sem apoio do ICA.
Concorreu a dois concursos selectivos para o Apoio à Produção de Curtas-Metragens e ficou muito mal classificado.

Apesar disso a Alfândega-Filmes acreditou no projecto e conseguiu reunir as condições necessárias para rodar durante três dias.

Para tal foram preponderantes a boa vontade de toda a equipa técnica e artística, bem como alguns apoios, dos quais não podemos deixar de destacar o do melhor restaurante da cidade do Porto, o Restaurante Abadia, que nos alimentou durante a rodagem.

A equipa foi constituída por um misto de profissionais muito experientes e outros que estavam a começar a sua carreira. Apesar de todas as condicionantes, e de alguns problemas que surgiram ao longo da produção, consegui-se um produto final muito satisfatório e é bastante gratificante verificar a boa carreira que o filme efectuou, tendo participado em festivais na Roménia, no Chile, no Brasil, na Dinamarca, na Áustria, no Canadá, em Porto Rico e nos Estados Unidos da América.
Entretanto, foi conseguido um financiamento do ICA para a promoção, tradução e legendagem.

Ao longo do processo tivemos alguns episódios interessantes e algumas coincidências curiosas:

1. Os primeiro décors que foram escolhidos eram num prédio na Rua Sá da Bandeira, da baixa portuense. Nesse prédio apenas dois apartamentos estavam habitados, os outros haviam sido transformados em consultórios e escritórios. Num dos apartamentos vivia um casal muito idoso, o senhor estava muito mal e podia morrer a qualquer instante. No outro, onde filmamos as cenas do quarto e do corredor, vivia uma Enfermeira/ Parteira.

2. Enviamos pedidos a todas as funerárias do Porto, porque precisavamos de um caixão e de um carro funerário. Respondeu-nos de forma positiva a Funerária das Condominhas. Depois de várias reuniões marcamos uma tarde para ir com o Luís Vieira Campos para ele escolher o caixão, dentro das diversas possibilidades que existiam. Quando lá chegamos o Luís olhou para o Sr. Manuel , o dono da funerária e disse: “ Eu acho que o conheço... foi o senhor que fez o funeral da minha mãe.” O Sr. Manuel perguntou-lhe como se chamava a mãe, verificou no computador e respondeu que sim, que era verdade.

3. Aurora Gaia, a actriz que faz de viúva, ficou de facto viúva pouco tempo depois de a rodagem terminar.

4. Odete Môsso, a actriz que fazia de jovem grávida, estava de facto grávida e quando o seu filho nasceu deu-lhe o nome de Vicente. Sem saber que este é o nome do segundo filho de Luís Vieira Campos.

Uma palavra final para o Jorge Loureiro (SUBPALCO) que deu uma contribuição fantástica para montar o elenco do filme e outra para a música extraordinária composta pelo Manel Cruz. A canção QUANDO EU MORRER e que foi integrada no seu projecto FOGE FOGE BANDIDO foi composta numa semana. Quem conhece o Manel sabe o que isso significa…

DECLARAÇÕES DO REALIZADOR

QUANDO EU MORRER é uma reflexão a propósito da morte.

Acho que todos nós, em algum momento, pensamos um pouco sobre a morte de uma forma abstracta, conversamos sobre isso, aceitamos a explicação de uma ou outra religião, contrapuzemos teorias filosóficas, elaboramos as nossas próprias teorias mais ou menos fundamentadas. Também em algum momento da nossa vida, quanto mais não seja quando ela parece fugir, pensamos sobre a nossa própria morte.

O título deste filme pretende provocar essa reflexão.

Pensar na minha morte, faz-me pensar na minha vida.
Todos sabemos que vamos morrer. É como se costuma dizer, a única das nossas certezas absolutas. Todos os dias morrem milhões de pessoas, no entanto continua a ser um momento muito difícil para quem está próximo da morte (a não ser que, acreditamos nós, essa morte seja totalmente inesperada e instantânea) e principalmente para quem fica, os amigos e família.

Em 1982 vi morrer o meu irmão mais novo. Eu tinha dezassete anos e ele tinha doze. O Miguel tinha uma insuficiência renal e não resistiu ao processo de hemodiálise. Eu estava com ele no hospital, na noite em que morreu.
Durante algum tempo não consegui lidar com todos os sentimentos provocados por esse acontecimento. Nem sequer os conseguia identificar.
Mas defendi-me com racionalizações do género “ foi melhor para ele”, “ estava a sofrer muito”. Acreditei que a vida dele continuaria, estivesse aonde estivesse, num sítio melhor. O processo de luto tem fases distintas e durante muito tempo, tive grandes dificuldades em lidar com a morte do meu irmão. O meu primeiro filme, “aDeus” conta a história de um personagem que voa para fora da terra e quando chega escreve um postal a dizer que está óptimo e que tudo é fantástico. A minha primeira forma de lidar com a morte foi esta: a não aceitação, a negação da morte e da limitação da condição humana.

Em 2003 morreu a minha mãe. Morreu com un cancro, depois de todo o sofrimento que essa doença implica. Eu amo a minha mãe e sinto imensas saudades dela. No dia da sua missa de sétimo dia, eu e a Patrícia, demos à família a notícia de que iamos ter um filho, o nosso segundo filho.
O conflito de sentimentos foi brutal, mas nessa altura, quando o teste da farmácia deu positivo, a minha mãe tinha morrido há dois dias, tudo se tornou simples, claro e evidente. Foi como um despertar espiritual. A vida continua.

“Quando eu Morrer” parte desta situação e pretende colocar o espectador, neste conflito. Procura simplificar ao máximo a questão da morte e o mais importante que pretendi dizer é que “Quando eu Morrer” alguém há-de nascer.

Luís Vieira Campos, Setembro de 2007